Casa da Vovó


Um Lar Longe de Casa


 

Era Domingo, meu dia da semana preferido! Eu vou para a casa da vovó! Ela era a senhora mais doce — tão doce como a rabanada que ela gentilmente servia à mesa de madeira para nós e a tubaína que ela servia cuidadosamente em copos de vidro cheios de gelo. Quando criança, meu coração anseava estar na casa da Vovó. Eu era sua única neta e ela me chamava de “minha lindinha”.

Meu irmão e eu corríamos pelas escadas na frente da casa para ver quem ia chegar primeiro para dar um abraço na vovó. A porta se abria e nós éramos recebidos com o cheirinho delicado de perfume de alfazema e bolo de fubá fresquinho. A vovó estava sozinha, mas ela era tão amável porque ela não pensava sobre sí mesma. Todos seus pensamentos e tudo que ela fazia era para os seus netos. Nós amávamos estar com ela porque ela amava estar conosco.

A vovó sempre tinha camas a mais preparadas para nós, caso findássemos passando a noite por lá, o que frequentemente acontecia. Tinha regras na casa da vovó, mas eu não me importava. Ela tinha uma consciência e a escutava. Ela era consciente até dos passarinhos, certificando que até eles eram cuidados. Ela tinha uma cadeira de onde ela sempre ficava observando-os. Ela admirava especialmente os canários.

Às tardes, tinha leite com chocolate e queijo quente feito na sanduicheira. Ela colocava seu programa de TV favorito e caía no sono antes que ele terminasse. Eu sabia que ela sentia falta do vovô. Ele faleceu de ataque cardíaco enquanto dormia na sua poltrona. Ela sempre cuidou dele também. Meu irmão e eu nos perguntamos como ela ainda conseguia ser tão gentil mesmo quando estivesse sofrendo.

Eu tinha muitas perguntas quando criança e a vovó sempre tinha uma resposta.

“Vovó, por que as pessoas são tão cruéis umas com as outras?”

“Sabe, minha lindinha, as pessoas só não sabem como serem amigas. Tem sido assim faz muito, muito tempo – desde que eu era criança.”

O tempo passou e memórias agradáveis da casa da vovó foram solidificadas em mim. Então, minha vovó ficou muito doente. Ela foi para o hospital fazer uma cirurgia. Os médicos nos garantiram que a vovó estaria bem, então eu não me preocupei muito.

O domingo sempre chegava, mas este domingo foi diferente. Meu pai estava no telefone pela manhã. Eu estava muito ansiosa para ver a Vovó, e dar-lhe um abraço caloroso e apertado, e recompensá-la generosamente com a gentileza que ela sempre me mostrou. Meu pai desligou o telefone e veio se sentar comigo no sofá. Ele me disse que a vovó não passou pela cirurgia e começou a chorar. Eu nunca o tinha visto chorar antes.

Meu coração com dez anos de idade estava ferido e confuso. Eu não entendia o que era a morte ou porque isso acontecia com as pessoas. Não poderíamos apenas viver para sempre? Onde seria meu lar longe de casa agora? Onde eu poderia ir para encontrar o amor abnegado e o carinho afetuoso que eu experimentei na casa da vovó?

Mais tarde na vida, procurei as respostas para essas perguntas. Então eu encontrei um lugar com amor ainda maior do que eu conhecia quando criança. Mas desta vez, foi muito mais do que o coração de apenas uma pessoa. Fui recebida por estranhos que agora considero minha família em um lugar de refúgio. E agora quero estender a mesma acolhida que uma vez me foi mostrada.

Nós temos espaço em nossos corações para você!

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