Esotérico adj. (do grego esoterikos "pertencentes a um círculo interno") 1: projetado para ou entendido apenas pelo especialmente iniciado; 2: exigindo ou exibindo conhecimento restrito a um grupo pequeno; 3: limitado a um círculo pequeno.

Alguma vez se sentiu excluído? Você está perto de um grupo de pessoas que realmente se conhecem bem, e parecem ter quase uma própria linguagem secreta. Quero dizer, eles estão falando na mesma língua que você fala, mas você percebe que não está entendendo muito do que eles estão dizendo, mesmo que as palavras em si sejam familiares a você. E não são só as palavras, mas eles têm uma maneira de ser, um olhar diferente, até um andar diferente. Talvez eles nem sequer estejam tentando excluí-lo. Talvez eles sejam muito amigáveis e hospitaleiros, mas você ainda se sente excluído.
É assim que você se sentiria se estivesse perto de Yahshua e Seus discípulos. Eles estavam sempre juntos. Eles tinham aquele tipo especial de amizade que vem da comunicação honesta e profunda, de passar por lutas juntos, receber correções, perdoar e ser perdoado. Sob os ensinamentos e a calorosa autoridade de Yahshua, aqueles homens ásperos estavam mudando, e todos que os conheciam podiam dizer. Mas às vezes as coisas que Yahshua dizia dava às pessoas a impressão de que Ele não considerava todos em sua nação muito religiosa como estando em bons termos com Deus.
Um dia, não muito antes de ser crucificado, alguém se aproximou Dele e perguntou: "Senhor, são poucos os que estão sendo salvos?" ou em outras palavras: "Vocês são os únicos? Ele não respondeu: "Claro que não! Os judeus são o povo escolhido de Deus. Vamos todos para o céu." Em vez disso, Ele disse:
"Esforcem-se para entrar pela porta estreita, porque eu lhes digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão.
Quando o dono da casa se levantar e fechar a porta, vocês ficarão do lado de fora, batendo e pedindo: ‘Senhor, abre-nos a porta’. Ele, porém, responderá: ‘Não os conheço, nem sei de onde são vocês’.
Então vocês dirão: ‘Comemos e bebemos contigo, e ensinaste em nossas ruas’.
Mas ele responderá: ‘Não os conheço, nem sei de onde são vocês. Afastem-se de mim, todos vocês, que praticam o mal!’” (Lucas 13:24-27)
O ponto da questão era que Yahshua tinha algo que nenhum outro mestre ou líder religioso em Israel tinha, e Ele só era capaz de transmiti-lo àqueles que O seguiam e confiavam suas próprias vidas a Ele, obedecendo a cada palavra Sua. Havia muitos que ficaram impressionados com os Seus ensinamentos e os milagres que Ele fez, e até disseram que acreditavam nEle, mas Ele não se confiava a eles.^[1]
Yahshua exigiu lealdade exclusiva dos Seus discípulos. Era tudo ou nada. Como disse Pedro, depois de ver um jovem rico se afastar tristemente do chamado do Mestre para abandonar tudo: "Nós deixamos tudo para seguir-te".^[2] De fato, eles tinham deixado tudo, e o padrão era o mesmo para todos, ricos ou pobres.^[3]

A Água da Vida

A vida eterna que o Mestre tinha para oferecer foi dada livremente, mas custou tudo:
A quem tiver sede, darei de beber gratuitamente da fonte da água da vida. (Apocalipse 21:6)
Quem tiver sede, venha; e quem quiser, beba de graça da água da vida. (Apocalipse 22:17)
A palavra traduzida "livremente" nestes dois versículos é a mesma palavra no grego e, neste contexto, significa "sem motivo para se conter". Em outras palavras, Yahshua dará livremente (sem motivo para se conter) a quem beber livremente (sem motivo para se conter). Por outro lado, Ele reterá a "água da vida" de qualquer um que tenha uma causa para reter - não abandonar tudo para segui-lo - possessões, carreira, casa, terras, parentes indispostos e até mesmo a sua própria vida.^[4]
A "água da vida" é o Espírito Santo,^[5] e "santo" significa simplesmente separado - isto é, o Espírito Santo é separado apenas para aqueles que conseguem beber livremente, que obedecem aos mandamentos do Mestre,^[6] que estão totalmente rendidos a Ele e não têm lealdades conflitantes. Somente a eles Ele se revela e concede a vida eterna. Eles são Seus escolhidos,^[7] Seus eleitos,^[8] Seus irmãos,^[9] e finalmente Sua noiva.^[10]

Um grupo de irmãos
Então vamos voltar para Yahshua e Seu pequeno grupo de irmãos, os primeiros a confiar suas vidas a Ele. Sim, é verdade, Ele perdeu um deles - aquele que tinha sido responsável pelo saco de dinheiro, a sua bolsa comum. Nem todos eles tinham dinheiro nos bolsos - nem mesmo Yahshua. Ele tinha nomeado Judas para cuidar do pouco dinheiro que eles tinham entre eles, e todas as suas necessidades eram supridas por essa bolsa única. Era um teste para Judas, e ele não passou no teste.
Não está claro se roubar do saco do dinheiro^[11] para satisfazer os seus próprios desejos foi o que lhe deu má consciência, deixando-o suscetível a receber acusações contra Yahshua, ou se ficar ofendido com Yahshua o deixou suscetível à tentação de roubar do saco do dinheiro. Mas ele estava dividido, e seu semblante ficou mais escuro com o tempo. Finalmente tudo se complicou durante a sua última refeição juntos.
Yahshua, sabendo o que estava trabalhando em Judas, colocou de lado suas vestes externas, colocou uma toalha em torno de sua cintura, e como um escravo comum, começou a lavar os pés de seus discípulos. Envergonhado de que o seu Mestre, a quem tanto amava e respeitava, tomasse um lugar tão baixo, Pedro objetou: "Nunca me lavarás os pés".
Disse Pedro: "Não; nunca lavarás os meus pés". Jesus respondeu: "Se eu não os lavar, você não terá parte comigo".
Respondeu Simão Pedro: "Então, Senhor, não apenas os meus pés, mas também as minhas mãos e a minha cabeça!"
Respondeu Jesus: "Quem já se banhou precisa apenas lavar os pés; todo o seu corpo está limpo. Vocês estão limpos, mas nem todos". (João 13:8-10)
É claro que Ele não estava falando de limpeza física, mas de ter uma consciência limpa e uma irmandade sem obstáculos com Ele e uns com os outros.
Então, Ele passou a lavar os pés de Judas, cuidando ternamente dele, assim como fez com todo o resto. Era a oportunidade para Judas se humilhar e confessar o seu pecado, mas, em vez disso, endureceu o seu coração. Entristecido em Seu espírito, Yahshua continuou preparando Seus discípulos para como eles precisariam estar depois que Ele se fosse, tornando-o insuportável para Judas:
Quando terminou de lavar-lhes os pés, Jesus tornou a vestir sua capa e voltou ao seu lugar. Então lhes perguntou: “Vocês entendem o que lhes fiz? Vocês me chamam ‘Mestre’ e ‘Senhor’, e com razão, pois eu o sou. Pois bem, se eu, sendo Senhor e Mestre de vocês, lavei-lhes os pés, vocês também devem lavar os pés uns dos outros. Eu lhes dei o exemplo, para que vocês façam como lhes fiz.
Digo-lhes verdadeiramente que nenhum escravo é maior do que o seu senhor, como também nenhum mensageiro é maior do que aquele que o enviou. Agora que vocês sabem estas coisas, felizes serão se as praticarem"."Não estou me referindo a todos vocês; conheço os que escolhi. Mas isto acontece para que se cumpra a Escritura: ‘Aquele que patilhava do meu pão voltou-se contra mim’. Estou lhes dizendo isto antes que aconteça, a fim de que, quando acontecer, vocês creiam que Eu sou.” Inclinando-se para Jesus, perguntou-lhe: "Senhor, quem é?" Respondeu Jesus: "Aquele a quem eu der este pedaço de pão molhado no prato". Então, molhando o pedaço de pão, deu-o a Judas Iscariotes, filho de Simão. Então logo que Judas comeu o pão, Satanás entrou nele. "O que você está para fazer, faça depressa", disse-lhe Jesus. Assim que comeu o pão, Judas saiu. E era noite. (João 13:12-19,25-27,30)
Com Judas fora, Yahshua podia finalmente expressar as coisas mais profundas do Seu coração aos Seus discípulos, aqueles cujos corações eram completamente Seus. Ele podia confiar-Se a eles.^[12] O que Ele falou em João 13:31 até 17:26 são os segredos do Reino, o conhecimento esotérico que seria a revelação apenas para os poucos que estavam verdadeiramente dispostos a fazer a Sua vontade, às custas das suas próprias vidas; não apenas para os que estariam dispostos a morrer fisicamente por Ele (eles ainda não estavam prontos para isso), mas para os que estavam dispostos a viver por Ele, não pensando em si mesmos, mas entregando suas próprias vidas para cumprir a Sua vontade na terra. Ele estava prestes a deixá-los, e então o que eles fariam? Voltar às suas antigas casas e profissões, e simplesmente ir à igreja no domingo? Que nunca seja assim!

Ordem de Marcha
Não, as palavras que Ele lhes falou foram as suas "ordens de marcha" para definir quem eram e o que deveriam fazer para o resto das suas vidas - a tempo integral. Aqui estão algumas das coisas que Ele disse a eles:
“Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros.” (João 13:34-35)
“Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos.” (João 14:15)
“Quem tem os meus mandamentos e os obedece, esse é o que me ama. Aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me revelarei a ele.” Respondeu Jesus: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra. Meu Pai o amará, nós viremos a ele e faremos nele morada.” (João 14:21,23)
“Meu Pai é glorificado pelo fato de vocês darem muito fruto; e assim serão meus discípulos.” (João 15:8)
“O meu mandamento é este: amem-se uns aos outros como eu os amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos. Vocês serão meus amigos, se fizerem o que eu lhes ordeno.” (João 15:12-14)
Os discípulos guardaram estas palavras, lembraram-se delas, e depois dos três dias escuros da execução do seu Mestre e do Seu sofrimento na morte, Ele confirmou e acrescentou a estas palavras durante os 40 dias que esteve com eles até estarem saturados com o Evangelho do Reino.^[13] Então Ele ascendeu a Seu Pai e enviou o Espírito Santo prometido para lembrá-los de tudo o que Ele lhes tinha ensinado e para dar-lhes o poder de praticá-lo.

O Dia em que o Espírito Santo Veio sobre Eles
Portanto, é muito significativo o que aconteceu naquele dia de Pentecostes, a Festa dos Primeiros Frutos, quando o Espírito Santo veio sobre eles. Pelo Seu poder e inspiração eles pregaram o Evangelho do Reino pela primeira vez desde que o seu Mestre os tinha deixado:
Os que aceitaram a mensagem foram batizados, e naquele dia houve um acréscimo de cerca de três mil pessoas. Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações. Todos estavam cheios de temor, e muitas maravilhas e sinais eram feitos pelos apóstolos. Todos os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum. Vendendo suas propriedades e bens, distribuíam a cada um conforme a sua necessidade. (Atos 2:41-45)
Primeiro havia doze que estavam juntos com o Mestre, compartilhando todas as coisas em comum. Depois, quando o Mestre ascendeu, havia 120 que estavam juntos, todos de uma só vez, esperando pelo Espírito Santo prometido.^[14]Depois, havia 3000 que estavam juntos, compartilhando todas as coisas em comum. Eram todos devotos ao ensinamento e à comunhão dos apóstolos - o mesmo ensinamento e a mesma comunhão que os apóstolos haviam experimentado com seu Mestre e que Ele lhes havia ordenado que transmitissem.^[15]
Algum tempo depois (se foram semanas ou meses não está claro) o número destes esotéricos tinha aumentado para cerca de 5000 homens^[16] (mais as mulheres e as crianças), e são descritos desta forma:
Da multidão dos que creram, uma era a mente e um o coração. Ninguém considerava unicamente sua coisa alguma que possuísse, mas compartilhavam tudo o que tinham. Com grande poder os apóstolos continuavam a testemunhar da ressurreição do Senhor Jesus, e grandiosa graça estava sobre todos eles. Não havia pessoas necessitadas entre eles, pois os que possuíam terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro da venda e o colocavam aos pés dos apóstolos, que o distribuíam segundo a necessidade de cada um. (Atos 4:32-35)
Agora, se você já tentou viver em paz com apenas algumas pessoas, ou mesmo com seu cônjuge, talvez você possa entender o milagre que foi para milhares de pessoas viverem juntas, compartilhando todas as coisas em comum, e ainda serem "de um só coração e uma só alma". Dizer que "a graça abundante estava sobre todos eles" foi certamente um eufemismo! Qualquer pessoa de bom coração que entrasse em contato com eles certamente sentiria um puxão no coração para pertencer a esse povo e experimentar esses laços calorosos de amor e confiança. Se fosse você, você gostaria de saber o que essas pessoas tinham que você não tinha, o que as tornou capazes de viverem juntas em paz e unidade. Você se sentiria excluído.
O que eles tinham era a água da vida, da qual tinham bebido livremente, porque tinham ouvido dos apóstolos o mesmo evangelho que os apóstolos tinham ouvido do seu Mestre, que pedia o abandono total das suas vidas e posses anteriores. Como eles não tinham motivos para se conterem de beber, Yahshua não tinha motivos para lhes negar a água da vida - o Espírito Santo que lhes deu o poder de amarem uns aos outros e viverem juntos em paz.

Para onde é que foi?
Sim, é verdade. A vida comum da igreja do primeiro século chegou ao fim. Muitos cristãos dizem que Deus enviou perseguição para separar a comunidade porque eles se tinham tornado introvertidos. Essa visão é difícil de reconciliar com o crescimento dramático e constante da igreja até o tempo em que a perseguição severa começou com o apedrejamento de Estêvão.^[17] Também é difícil de reconciliar com a promessa de Yahshua de que a perseguição seria o resultado da obediência ao evangelho,^[18] e que certamente foi em Jerusalém. O efeito da perseguição foi o estabelecimento de comunidades por toda a Judéia, todas seguindo o padrão da primeira comunidade em Jerusalém.^[19]
Não, o fim da vida comum descrita em Atos 2 e 4 foi na verdade o resultado do esquecimento da lição objetiva de Atos 5:1-11. Logo após o relato de José, o levita de Chipre, vendendo seu campo e colocando o produto da venda aos pés dos apóstolos, há o relato contrastante de Ananias e Safira. Eles fizeram um espetáculo de colocar o produto da venda dos seus bens aos pés dos apóstolos, mas guardaram secretamente parte do dinheiro para si próprios. O Espírito Santo revelou seu engano a Pedro, e quando Pedro os confrontou sobre isso, eles caíram mortos, com esse efeito:
E grande temor apoderou-se de toda a igreja e de todos os que ouviram falar desses acontecimentos. (Atos 5:11)
A vida vibrante da comunidade dependia totalmente do amor auto-sacrificial de cada um e de cada membro. Yahshua tinha comandado os seus discípulos:
“Portanto, não se preocupem, dizendo: ‘Que vamos comer? ’ ou ‘que vamos beber? ’ ou ‘que vamos vestir? ’ pois os pagãos é que correm atrás dessas coisas; mas o Pai celestial sabe que vocês precisam delas. Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas.” (Mateus 6:31-33)
A comunidade é o único contexto em que este mandamento pode ser obedecido, onde todos estão ocupados cuidando das necessidades dos outros, construindo o Corpo do Messias,^[20] e não pensando em si mesmos,^[21] e no processo, as necessidades de cada um são satisfeitas.^[22] Mas assim que alguém começa a tentar satisfazer suas próprias necessidades ou desejos, como Judas fez, e como Ananias e Safira conspiraram para fazer, então as necessidades de outra pessoa não são atendidas, e o colapso da comunidade já começou.
O egoísmo destruiu a igreja do primeiro século à medida que o conhecimento esotérico do verdadeiro evangelho, que ardia no coração dos primeiros discípulos, foi gradualmente substituído por outro evangelho que deu lugar ao si.^[23] Esse outro evangelho seria mais honestamente chamado de A Porta Larga.
"Entrem pela porta estreita, pois larga é a porta e amplo o caminho que leva à perdição, e são muitos os que entram por ela. Como é estreita a porta, e apertado o caminho que leva à vida! São poucos os que a encontram.” (Mateus 7:13-14)
O verdadeiro evangelho é a porta estreita, e aqueles que a encontram são poucos - os esotéricos. Você está procurando por essa porta? Não fique de fora. “Nós conhecemos o caminho; Te traremos para casa!”